quinta-feira, 17 de março de 2011

Passos Para Uma Mudança Definitiva


O novo bate a porta! E agora?

    Pode ser uma oportunidade de emprego, a possibilidade de fazer um curso, mudar de cidade, conhecer pessoas novas, estar em novos ambientes. No primeiro momento isto parece o máximo, mas num segundo momento as raízes começam a gritar. Como sair do emprego em que se está há anos pra começar tudo de novo, mesmo que tendo um resultado final mais gratificante, como deixar o certo pelo incerto, como se organizar e ter tempo para realizar os sonhos, como sair da cidade natal, deixar a família, os amigos, o gato e o cachorro, e conhecer novas pessoas, o que será que elas acharão como comportar-se nesses novos ambiente?... Interrogações surgem aos montes, o medo paralisa, e as oportunidades passam como tudo na vida!
   O conflito em situações assim é normal, posto que o sujeito esteja organizado em uma situação vivencial, e diante do novo este se desorganize para vir a se organizar novamente, o que não parece normal é que este sujeito não se sinta capaz, ou não se permita a mudança, desta forma estagnando sua vida, acontece não muito raramente de pessoas passarem suas vidas queixando-se por não terem tido esta ou aquela postura diante no novo, da oportunidade.
    Mudar é algo realmente difícil, nos acomodamos muito facilmente, há medo e preguiça em excesso em nós seres humanos.
    Quando a mudança é imposta nos damos conta de nosso potencial, de nossa capacidade de adaptação, de busca, de luta mesmo. Quando se descobre uma doença grave, quando se perde alguém querido, quando se está diante de algo que é inevitável.
    Falando de mim agora, há alguns dias fui pega de surpresa, descobri que estou grávida, a minha situação atual não caberia uma gravidez. Minha rotina é muito pesada, trabalho, faculdade, estágio, tinha dias que nem tinha tempo de me reparar direito, quase que virava a noite estudando, dormia muito pouco e já tinha que ir trabalhar e no meu trabalho tenho horários a cumprir, não há muita flexibilidade na minha rotina. Aí quando me vi diante do novo eu me desorganizei, fiquei louca, chorava muito, tinha e ainda tenho muito medo, porque é uma demanda que exige muita responsabilidade, ser mãe não é apenas pôr mais um sujeito no mundo. Eu demorei um pouco a assimilar a idéia, acho que mesmo tendo feito o exame Beta hCG eu ainda duvidei, sabe por mais que aparentemente eu estivesse forte, por dentro meu mundo tinha caído, não pela criança, mas pela situação. Eu me sinto sozinha, sei que as pessoas estão fazendo o máximo que podem a minha família, o pai do meu bebê, os meus amigos, mas sempre há algo que temos que viver sozinhos, está em mim, no meu interior, são adaptações tanto físicas quanto emocionais mudanças na minha estrutura. Sei que também não posso exigir que as pessoas façam mais por mim do que elas podem fazer, porque foi algo que surpreendeu a todos, se foi um impacto para mim eu fico tentando imaginar como terá sido para os meus pais, e mesmo tendo essa noção sei que ainda não sou capaz de medir o que eles sentem porque cada pessoa é única, e os sentimentos são próprios desta subjetividade, tirei de base a diferença entre a reação da minha mãe e do meu pai, ela ficou louca, ainda não conseguiu se organizar, mas o positivo nela é ela falar tudo que sente mesmo que doa em quem ouvir já o meu pai me acolheu prontamente, e mesmo tendo tido essa atitude tão terna eu sei que ele não esperava por isso. Acho que todos sempre esperaram muito de mim, não me deram nunca o direito de errar, eu sempre tinha que estar ali como uma rocha pra sustentar a família, pra resolver os problemas graves, dar apoio a quem não estivesse bem, foi confiada a mim uma responsabilidade, mas não se preocuparam com quem cuidaria de mim com quem se responsabilizaria por mim e eu fui acumulando um vazio enorme, uma falta, uma carência.
    Não estou dando desculpas... Estou apenas falando dos meus sentimentos diante da mudança.
    Serei mãe, me dedicarei a isso de corpo e alma, agora que consegui acomodar meus sentimentos e aceitar essa nova condição de coração aberto sei que serei uma boa mãe, ou pelo menos me esforçarei ao máximo para isto. Já sinto muito amor por esse ser que está dentro de mim, me preocupo com minha alimentação pra que ele receba o melhor de mim para se desenvolver, e assim venha a nascer com muita saúde. Fico tentando imaginar como ele ou ela será como será seu rostinho, o que terá de mim e o que terá do pai, suas mãozinhas, as dobrinhas, e pensar nisso me faz sentir muita ansiedade, o desejo de ter essa vida nas mãos, mas está dentro de mim e aqui dentro está mais protegido do que aqui fora nesse mundo onde predominam as aparências.
    Estou a poucos passos para uma mudança definitiva, no início pareceu ser algo doloroso em questão da situação confusa que estou vivendo, o novo bateu a minha porta e eu o aceitei, eu busquei me organizar pra recebê-lo de coração aberto, com muito amor. O amor em minha opinião é o sentimento mais importante que podemos cultivar, e não falo de amor comercial, nem de amor “padrão”, até porque nesse momento minha vida não tem nada de padrão, o amor que falo é um amor sublime. O amor e o ódio são os dois maiores afetos que o ser humano pode sentir, na vida eles se misturam, e em certos momentos até nos confundimos quanto a eles, entretanto sempre há um deles que é mais marcante na personalidade de cada pessoa, eu escolhi o amor como meu traço marcante.
    Hoje eu entendo a necessidade de adaptação, se você tiver uma oportunidade de mudar sua vida, mude não se prenda se permita viver emoções, porque a mudança sempre trás consigo algo positivo. Se for um emprego novo que bom, porque nele você pode descobrir o prazer que há tempos já não sente mais no trabalho que virou rotina, pode se sentir mais útil, fazer a diferença, se for mudar de cidade, começar um novo curso que ótimo, porque a chance de viver novas experiências e ainda conhecer novas pessoas é algo muito positivo, é dar-se a oportunidade de ser feliz é dar oportunidade aos futuros novos amigos de conhecer uma pessoa especial. Agora se for uma doença grave também se pode encontrar forças pra lutar pela vida e talvez dar mais valor as pessoas e aos sentimentos, se for a perca de alguém querido que é algo realmente muito doloroso se pode parar pra pensar no próximo, ajudar alguém, fazer bem pra alguém pode causar um alívio nessa difícil volta a realidade, pode-se orar também, ou seja continuar a vida porque com certeza uma pessoa que ama de verdade não quer ver o outro sofrendo e na morte os sentimentos não morrem, isso é mágico. Agora se for como a minha mudança, uma gravidez, sorria, porque é uma vida e uma vida tem sempre que ser festejada. Estou a poucos passos de conhecer o amor incondicional, a maternidade está me causando mudanças irreversíveis e eu estou feliz por ser capaz de cultivar sentimentos tão nobres e de estar tendo maturidade e serenidade para lhe dar com o novo. Obrigada Deus!

Um comentário:

  1. Que lindo.,.,.,, me incentivou a tantas coisas, me fez refletir numa paz tão boa.. espero que seja mto feliz! beijos

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